A imagem, embora pareça ser a figura de Maria, mostra a imagem de uma mãe e um filho. O fato de lembrar a mãe de Cristo tem por objetivo dizer que Maria é modelo para todas as mães.
A mãe traz em suas mãos um manto, uma vestimenta, “uma armadura” para ser colocado em seu filho. Essa vestimenta faz referência à armadura do cristão, que nos diz Efésios 6: “Revesti-vos do Senhor Jesus” (Ef. 6,11). Manto, esse, que ela também já está revestida. É uma mãe que conhece a Cristo e deseja que seu filho seja revestido pelo mesmo manto que ela veste.
O manto é levado pelas mãos da mãe com a intenção de revestir o filho. A posição das mãos da mãe indica que o manto é sagrado, pois seus dedos são separados em dois e três. Os dedos polegar e indicador estão separados (dois) dos outros (três). Para a teologia, o dois indica que Jesus encarnado é humano e divino, e o três indica a trindade. Assim, a mãe tenta revestir seu filho de Cristo.
Ainda sobre o manto, que faz referência a Cristo, olhando a imagem de frente, o lado direito tem uma linha a mais que não tem do lado esquerdo. O lado direito é o lado do coração, coração chagado de Cristo. E, ainda, faz alusão ao peito aberto de Cristo: “Mas um dos soldados traspassou-lhe o lado com a lança e imediatamente saiu sangue e água” (Jo 19,34). Para os padres da Igreja, o sangue e água significam a eucaristia e o batismo, respectivamente. E, nesses dois sacramentos, o sinal da nova Eva, que nasce do novo Adão, que é Cristo (cf. Ef 5,23-32). O manto, é Cristo; é a Igreja.
A mãe traz sobre sua cabeça uma auréola, como símbolo da santidade que é chamada a ser, mas, principalmente, faz alusão à hóstia consagrada, da qual a mãe se alimenta e é sua força e proteção. É possível verificar que no rosto estilizado da mãe, até a cabeça do filho, forma-se um cálice. Assim, temos a hóstia e o cálice, mostrando que a mãe, revestida de Cristo, alimentada por Ele, deseja fazer o mesmo com o filho. A imagem do cálice pode ser, ainda, estendida além da cabeça do filho indo até a base do filho, formando um grande cálice. Sendo assim, o cálice da mãe é seu filho. Cálice é símbolo de doação, entrega, dar a vida por.
Da cabeça da mãe, sai algo como raios, que faz ligação ao texto bíblico do Apocalipse 12, “uma mulher vestida de sol” que, nesse caso, é a Igreja, mas pode ser, também, a figura de Maria, a pessoa da mãe revestida de Cristo. Contudo, aqui, enfatizam-se os espinhos, as dores da mãe que se doa pelo seu filho; que a mãe traz em si para proteger o filho. Como ensina São Paulo aos Colossenses: “Agora regozijo-me nos meus sofrimentos por vós, e completo o que falta às tribulações de Cristo em minha carne” (Col 1,24). Uma outra aplicação dos raios são os estados mais o distrito federal brasileiros, que somados são de número 27. Isso para nos dizer que esse movimento nasce de mães brasileiras e tem a missão de estar presente em toda a nação. A mãe brasileira como sinal de esperança para o mundo.
E voltando à Eucaristia, à hóstia consagrada. Mesmo sendo alimentada por Cristo, as dores da vida são marcas constantes na existência da mãe. Mãe da eucaristia; Mãe das dores.
Os braços abertos da mãe segurando o manto para colocar no filho formam um “M”. o “M” de Maria, a primeira que se revestiu de Cristo e que, por meio dela, o Cristo entrou no mundo; graças ao seu “sim” , podemos revestir os filhos de Cristo. O Manto é Cristo, mas que veio ao mundo por Maria.
Olhando de frente para a imagem, do lado esquerdo da cabeça do filho tem uma linha branca, que de uma certa forma vem, também, do manto de Cristo. Essa linha é o início da letra “M” do escrito “Mães que oram pelos filhos”. Assim, o ser mãe vem de Deus. É o ser mais próximo do que Deus é. E o “M” muda de cor ficando igual ao filho, mostrando a kenosis, como exemplo para as mães. Kenosis, na teologia, é o esvaziamento de Cristo ao assumir a nossa condição humana, conforme relata o livro de Filipenses 2: “Ele, estando na forma de Deus, não usou de seu direito de ser tratado como um deus, mas se despojou, tomando a forma de escravo…”. Assim, a mãe revestida de Cristo; a mãe que ora pelo seu filho realiza uma ação kenótica, ao sair de si e ir para a realidade do filho.
Nesse formato, a linha branca do lado esquerdo, que sai da mãe e toca no filho, faz referência à Palavra de Deus; ao Éfeta. Percebe-se que a linha branca toca justamente na altura do ouvido do filho. Assim, revesti-lo de Cristo passa também pela escuta da Palavra de Deus. Sobre o Éfeta, encontramos, no rito do batismo, que é uma parte: o celebrante toca na boca e nos ouvidos da criança e diz: “O Senhor Jesus que fez os surdos ouvirem e os mudos falarem, lhes conceda que possa logo ouvir sua Palavra e professar a fé para louvor e glória de Deus Pai”. A mãe está tocando com o manto de Cristo, o Cristo-Palavra no ouvido do seu filho para que ele logo possa compreender o que ela já entende.
Já em relação ao escrito “Mães que oram pelos filhos”, está como que fundido ao manto que vai ser colocado no filho. Entre as voltas da letra “M”, vê-se o azul entrando profundamente na primeira volta do “M”. Também, aqui, se aplica a reflexão do kenosis, como demostrado acima. A Mãe vai até o fundo, abaixo do filho, para tirá- lo do “mundo”. Sem falar, ainda, que essa volta da letra “M” com o azul da divindade faz lembrar uma espada, da mesma que fala o Evangelho acerca de Maria: “E a ti, uma espada traspassará tua alma” (Lc 2,35). Não que a espada venha de Cristo, mas assim como Ele sofreu por amor a todos, a mãe sofre por amor do seu filho.
A cor da imagem da mãe é azul (a original logomarca). E segundo a cultura grega na arte sacra, o azul é o símbolo da divindade; o vermelho, da humanidade. Já na cultura judaica, é o contrário. Assim, segundo a cultura da arte sacra grega, a mãe está de azul simbolizando que ela está revestida da divindade de Cristo: manto, eucaristia, espinhos, cálice. E o filho, assim como o escrito “Mães que oram pelos filhos”, está em dourado, ou amarelo. A cor ouro pode ter vários significados, mas aqui quer contrapor ao divino pela matéria. Ouro lembra riqueza, matéria, mundo temporal. Enquanto a mãe está revestida das coisas do alto, o filho está inserido e atraído pelas coisas terrenas, pela matéria.
A missão da mãe é fazer o filho entender que estão no mundo, mas não são do mundo.
Já o filho se mostra dividido, pois, enquanto ele olha para frente, para as coisas do seu mundo, a sua camisa está ao contrário, de trás para frente. Isso é possível perceber devido à etiqueta da sua camisa que aparece. Não é um pingente de cordão, pois senão estaria ele para baixo e não para cima. Ele olha para o mundo, mas, ao mesmo tempo, é como se seu corpo estivesse voltado para a mãe; está encantado com o mundo, mas em dúvida de que roupa usar. E a força do “mundo” na vida do filho é grande. Tanto que os braços do filho não aparecem. Sinal de que estão rentes ao corpo, como que um soldado, marchando pelo mundo afora.
A cor do ouro, na pessoa do filho, faz lembrar, também, a figura do filho pródigo, que pede ao pai a sua parte da herança para viver sua liberdade (cf. Lc 15). É um filho rebelde, mas que sempre encontra amor nos braços do pai; da mãe.


