Sou Cristina Bianchi e venho hoje partilhar com vocês a minha trajetória no Movimento das Mães que Oram pelos Filhos no Distrito Federal. Participei ativamente por mais ou menos sete anos.
Na época, haviam poucos grupos de Mães. Mesmo participando de outros movimentos da Igreja, eu não sabia que esse existia. Tinha acabado de sair da comunidade Shalom, do qual participei por muitos anos, quando uma amiga me falou do Movimento. A paróquia onde acontecia o grupo não ficava próxima da minha casa, mas senti fortemente o chamado de Deus para visita-lo.
Quando cheguei à Paróquia São Sebastião, em Taguatinga Norte (DF), senti a presença de Deus e ouvi em meu coração: “Filha, seja bem-vinda a esta comunidade.” Eu não conhecia ninguém ali, e até mesmo minha conhecida não estava presente naquele dia. Desde o primeiro momento, senti-me acolhida, e foi esse sentimento que me marcou profundamente.
Na época, a coordenadora era a Ana Maria. Ela me recebeu com muito carinho. Tudo era novo para mim — as pessoas, os terços, orações, música, a metodologia — mas, já no primeiro encontro, fiquei encantada pelo Terço pelos Filhos. Lembro-me bem da Helena, que, ao final da oração, levantou a mão, envolveu o terço na mão e disse com grande convicção:
“Deus pode tudo, tudo, tudo!”
Essa imagem e essa oração ficaram gravadas no meu coração.
Passei a semana toda esperando pelo próximo Encontro. Quando voltei, fui novamente muito bem acolhida. Era como se eu já fizesse parte daquele grupo, que mais tarde se tornou uma verdadeira família.
Pensei que rezaríamos novamente o Terço pelos Filhos, mas, para minha surpresa, foi o Terço do Perdão. Esse terço, mexeu muito comigo — percebi o quanto precisava perdoar pessoas próximas. Não haviam me feito nada grave, mas eu guardava mágoas e pequenos acontecimentos que me impediam de receber plenamente a graça de Deus.
Outra descoberta marcante foram as formações. Sempre gostei de estudar sobre a Igreja e a Palavra de Deus, mas as formações do Movimento me tocavam de forma especial, principalmente as ministradas pela formadora Cida. Ela trazia a Palavra de Deus para a nossa realidade, tornando-a viva e próxima de nós.
Quando eu estava cada vez mais envolvida no grupo, veio a pandemia, e as reuniões presenciais precisaram parar por um tempo. Sentia muita falta dos encontros, mas continuei acompanhando pelo grupo de Whatsapp. Toda sexta-feira, a coordenadora Ana perguntava quem gostaria de rezar o terço presencialmente (que seria transmitido, mas em grupo pequeno). Eu sempre me voluntariava — o principal motivo era poder participar também da missa, que na época ainda era restrita.
Com o tempo, fui me aproximando ainda mais das mães do grupo, criando laços de amizade e fé. Tenho um carinho especial pela Socorrita (apelido que dei com muito afeto) e pela Elinete, que hoje contempla a face de Deus.
Durante esse período, fui convidada a assumir a coordenação. Fiquei surpresa e um pouco assustada — eu era nova na comunidade e a paróquia ficava longe da minha casa —, mas eu não costumo dizer “não” aos convites de Deus. Aceitei, e esse meu “sim” transformou não só a minha vida, mas também a da minha família, que já era praticante, mas passou a viver mais intensamente a fé.
No dia em que assumi a coordenação, foi durante a missa das 8h, no Dia de Nossa Senhora Aparecida. A celebração era transmitida, mas havia um problema com o som, e ninguém que estava ali sabia resolver. A Ana perguntou se alguém entendia do assunto, e meu filho — que entende um pouco dessas coisas — acabou ajudando. Curiosamente, ele não queria ir à missa naquele dia, e só foi porque insisti (mesmo de bermuda!). Ele resolveu o problema e, a partir dali, começou a se encantar com a paróquia.
Não posso deixar de mencionar o carinho com que o Padre Ricardo Nascimento, então pároco, nos acolheu. Um verdadeiro pastor, ele teve papel importante na caminhada de fé do meu filho e na nossa família.
Fiquei na coordenação por dois anos, e foram anos de muitas bênçãos, tanto na vida pessoal quanto profissional. Conheci pessoas maravilhosas (Elissônia, Valda, Evânia, Aninha, Ana Luizi , Luci, e outras que cito nessa partilha) e testemunhos que fortaleceram ainda mais a minha fé.
Quando passei a coordenação para a Francilene, a coordenadora do DF, Lilian, me convidou para ser coordenadora das Mães que Oram pelos Filhos Virtuais. Eu nem sabia do que se tratava, mas aceitei depois de muita oração. Confesso que, no início, tive medo: como cuidar de mães com filhos dependentes químicos, mães de filhos especiais, mães enlutadas…? Eu não vivia essas realidades e temia não saber lidar com tanta dor.
Mas Deus foi me acalmando e me ensinando que eu precisava compreender o coração daquelas mães para me tornar uma cristã mais autêntica e livre de preconceitos. Foram cerca de dois anos de profundo crescimento espiritual, em que aprendi a escutar — algo difícil para mim, de temperamento colérico — e a confiar que o controle está nas mãos de Deus, e não nas minhas.
Durante esse tempo, ouvi muitas histórias de dor, mas também muitos testemunhos de fé inabalável. Deus trabalhava na vida de cada mãe de forma única e especial. Aprendi que Ele tem um plano e uma missão para cada uma de nós.
Depois dessa etapa, ajudei a criar um novo grupo em outra paróquia, onde aprendi ainda mais sobre o valor da acolhida — como o próprio Jesus nos ensina. Nós, mães, precisamos acolher outras mães. Passamos por desafios semelhantes, umas mais, outras menos, mas o que podemos oferecer é o colo e a presença que confortam.
Hoje, meu coração é de profunda gratidão. Aprendi com tantas mães lições que levarei para toda a vida como o exemplo da Cida, “uma mãe órfã”, e de tantas outras que seria impossível citar todas aqui.
Hoje, Deus me chama a um novo caminhar.
Eis me aqui, Senhor!


















